Crise financeira é a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, diz Greenspan

PARIS, 17 Mar 2008 (AFP) - A crise financeira atual pode ser considerada a mais grave desde a Segunda Guerra mundial, afirmou o ex-presidente do Banco Central americano (Fed) em editorial publicado nesta segunda-feira no Financial Times.
"A atual crise financeira nos Estados Unidos será verdadeiramente julgada como a mais grave desde o fim da Segunda Guerra mundial", insistiu Alan Greenspan, que presidiu o Fed de 1987 a 2006.
"Ela chegará ao fim quando o preço dos bens imobiliários se estabilizar e, com ele, os preços dos produtos financeiros endossados em empréstimos hipotecários", estimou."Esta crise deixará numerosas vítimas. O sistema de avaliação dos riscos atualmente em vigor será particularmente tocado", escreveu Greenspan.
"Mas espero que uma das vítimas não seja o sistema de vigilância mútua (por atores do setor financeiro) e mais geralmente a auto-regulamentação financeira como mecanismo fundamental de equilíbrio do setor financeiro mundial", acrescentou ele.
O ex-presidente do Fed - que foi acusado de estar na origem da bolha imobiliária em razão da política de juros muito baixa seguida pelo Federal Reserve de 2001 a 2004 - estima também que não haverá jamais um sistema perfeito de avaliação de riscos.
"A administração do risco não atingirá jamais a perfeição. Chegará sempre um momento em que vai fracassar e uma verdade incômoda será colocada a nu, provocando uma resposta inasperada e brutal", escreve ele.
"É importante, até essencial, que toda a reforma e ajustes na estrutura dos mercados e sua regulação não questionem nossas proteções mais confiáveis e eficazes contra as fraquezas econômicas, a saber a flexibilidade e a livre concorrência", afirma Greenspan.

[UOL Economia, 17/03/2008]
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