Os radicais curdos do PKK insistem que estão lutando por uma pátria.
A Turquia e o resto do mundo parecem vê-los como terroristas que precisam ser erradicados. O Spiegel conversou com o líder do PKK, Murat Karayilan, sobre a luta por uma pátria
Bernhard Zand
É um impasse que vem crescendo há semanas. Os combatentes curdos do Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK) executaram, neste outono, um número crescente de ataques pelas fronteiras no sudeste da Turquia, de suas bases nas montanhas do Norte do Iraque. Os turcos vêm lançando artilharia contra as bases do PKK e ameaçaram uma incursão própria pelas fronteiras.
O Ocidente pediu calma, mas Ancara está sob pressão interna crescente para tomar uma atitude. Além disso, como salientou o líder turco, tanto os EUA quanto a União Européia identificaram o PKK como grupo terrorista -resultado de diversos ataques suicidas do PKK contra alvos civis.
É um impasse que vem crescendo há semanas. Os combatentes curdos do Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK) executaram, neste outono, um número crescente de ataques pelas fronteiras no sudeste da Turquia, de suas bases nas montanhas do Norte do Iraque. Os turcos vêm lançando artilharia contra as bases do PKK e ameaçaram uma incursão própria pelas fronteiras.
O Ocidente pediu calma, mas Ancara está sob pressão interna crescente para tomar uma atitude. Além disso, como salientou o líder turco, tanto os EUA quanto a União Européia identificaram o PKK como grupo terrorista -resultado de diversos ataques suicidas do PKK contra alvos civis.
O Spiegel encontrou-se com o chefe do PKK, Murat Karayilan, nas montanhas Sagros, no Norte do Iraque:
Spiegel - Qual é a situação nas linhas de frente, e quantas baixas vocês sofreram?
Karayilan - Atualmente a guerra está sendo travada na parte turca do Curdistão: principalmente em torno das cidades de Sirnak, Hakkari, Siirt e Bingöl. Aí, enfrentamos operações em terra e ar dos militares turcos desde outubro. Eles estão sofrendo baixas; nós, não. Não podemos chamar de guerra o que está acontecendo no triângulo de três países entre Iraque, Irã e Turquia. Somente ocasionalmente recebemos fogo dos iranianos.
Spiegel - Vocês estão ameaçando levar a guerra "para as cidades" novamente. O que isso significa para os civis turcos e para os turistas na Turquia?
Karayilan - Repetidamente oferecemos oportunidades de cessar fogo e de iniciar negociações. Nunca falamos de ataques contra civis. O que dissemos é que a guerra não será limitada ao Curdistão. Cerca de dois milhões de curdos moram em Istambul, e muitos outros em Aegean. Eles são expostos à opressão -e têm o direito de praticar a resistência onde vivem.
Spiegel - O presidente do Iraque, Jalal Talabani, curdo, diz que nenhum governo turco fez mais pelos curdos do que o do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Karayilan - Erdogan, entretanto, não manteve suas promessas de resolver a questão curda. Pelo contrário: o governo chegou a um consenso com os militares. Deixou o Curdistão para os generais.
Spiegel - Bagdá pediu ao PKK para pôr fim aos ataques contra soldados turcos, dizendo que, de outra forma, o PKK terá que deixar o Iraque.
Karayilan - Estamos aqui nas montanhas Sagros. Por séculos, ninguém conseguiu conquistar esta região -nem Saddam, nem os turcos, ninguém. Mas estamos nessas montanhas da liberdade há 25 anos. Estávamos aqui antes dos americanos e do novo governo iraquiano. Isto é o Curdistão, e o PKK não está prejudicando o Estado iraquiano -pelo contrário, estamos apoiando seu desenvolvimento.
Spiegel - Qual é o objetivo da sua luta?
Karayilan - Queremos viver livres como curdos. Os iranianos nos dizem: vocês são persas. O Estado turco nos diz: vocês são turcos. E os Estados árabes dizem: vocês são árabes. Mas não somos nem turcos, nem árabes, nem persas. Somos um dos povos mais antigos nesta parte do mundo e exigimos nossos direitos.
Tradução: Deborah Weinberg
Tradução: Deborah Weinberg
[Der Spiegel, 13/11/2007]
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